domingo, 30 de setembro de 2012

Técnica e razão


Em seu artigo "A atualidade de um clássico", a jornalista e professora da UFF Sylvia Debossan Moretzsohn questiona os criticos da exigência de diploma no jornalismo.

Apoiada no livro "O Segredo da Pirâmide. Para uma teoria marxista do jornalismo", de Adelmo Genro Filho, ela reforça que a prática jornalística requer um conhecimento teórico, pois a profissão está inserida e faz parte do desenvolvimento social. Sendo assim, não é apenas algo que se precisa de um manual e regras técnicas para se exercer.

É essencial que o jornalista use sua subjetividade e objetividade para relatar fatos do cotidiano e construir seu texto, que pode variar de acordo com a proposta e formato do veículo. A notícia é construída a partir de uma situação que gera apuração e termina no texto, mas a maneira com que ela é apresentada, o texto, inverte a ordem, com o lide descrevendo o que de principal existe naquele episódio. Essa é a maneira mais comum, o que não quer dizer que não possa ser diferente. O que vale destacar é que o jornalismo não se baseia apenas em técnicas, mas também em como o jornalista interpreta e lida com suas fontes, utilizando seu conhecimento.

Veja abaixo um manifesto do site da Federação Nacional dos Jornalistas à favor da exigência do diploma:

"Abaixo-assinado de cidadãos em apoio às PECs do diploma de jornalista

Para: Deputados e Senadores

Nós, cidadãos abaixo assinados, expressamos nosso apoio às Propostas de Emendas à Constituição que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, restabelecendo a exigência do curso superior específico de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista.

A PEC 33/2009, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares e relatoria do senador Inácio Arruda, e a PEC 386/2009, de autoria do deputado Paulo Pimenta e relatoria do deputado Maurício Rands, por um lado resgatam a dignidade dos jornalistas brasileiros e contribuem para a garantia do jornalismo de qualidade.

Por outro lado, as PECs estabelecem o local adequado para a discussão extemporânea, promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que, a serviço das grandes empresas de comunicação do país, prestou um desserviço à sociedade brasileira ao desregulamentar a profissão de jornalista.

O parlamento brasileiro responde adequadamente, sintonizado com a opinião pública, a um processo de judicialização da vida nacional, com caráter nitidamente conservador.

Nós, cidadãos abaixo assinados, apostamos na independência e na vocação democrática do parlamento para reverter uma decisão nitidamente obscurantista do STF, que tem como único objetivo atingir a profissão de jornalista e a sua capacidade de expressar a liberdade de expressão prevista na Constituição Brasileira. Pela votação imediata das emendas."

Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed713_a_atualidade_de_um_classico
           www.fenaj.org.br

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Jornalistas têm importante avanço na segurança



A Federação Internacional de Jornalistas anunciou que na 21ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, foi adotada uma resolução chamada "Estados para promover um ambiente seguro e propício para os jornalistas a desempenhar seu trabalho de forma independente e sem interferência indevida", que visa aumentar a segurança dos jornalistas no mundo. A medida foi apresentada pelo Brasil e por mais quatro países (Áustria, Marrocos, Suíça e Tunísia) e ganhou adesão de mais outros 60.

Dentro das medidas exigidas pelo conselho para a proteção dos profissionais, estão medidas legislativas, bom-senso da justiça e dos que executam as leis, em geral, condenações públicas e esforço em investigar ataques contra jornalistas e programas de proteção.

A nova organização visa aumentar a cooperação e coordenação internacional para aumentar a segurança dos jornalistas.

Fonte: www.ifj.org/en/articles/ifj-welcomes-resolution-on-safety-of-journalists-adopted-by-un-human-rights-council

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Brasil é terceiro do mundo em morte de jornalistas



A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo divulgou na última terça-feira que o Brasil é terceiro o país no mundo com mais mortes de jornalistas por motivos profissionais, segundo estudo do Comitê de Proteção aos Jornalistas.

Junto com o Paquistão, o Brasil soma três mortes, enquanto a Somália e Síria, nações que vivem constantes conflitos armados, alcançaram a marca de 8 e 18 falecimentos, respectivamente.

A estatística é interessante, pois o Brasil faz parte do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo de países que se destacam no cenário mundial atual por conta de seu desenvolvimento, enquanto a Somália apresenta baixos índices sociais e econômicos, além de sofrer com a violência, como a ação de piratas, e a Síria vive uma guerra civil, na luta pela deposição do ditador Bashar El-Assad.

Ainda como comparação, a Índia soma uma morte confirma e uma não confirmada, enquanto Rússia e China estão zerados.

Nos Estados Unidos, não há mortes confirmadas desde 2007, quando houve um óbito. O México apresenta cinco mortes este ano, mas as causas ainda não estão confirmadas e por isto o país não entrou nas estatísticas.

A pesquisa mostra ainda que os jornalistas políticos lideram o número de mortes, representando 41%.  Logo depois vem os de guerra, com 34%.

Outro dado representativo é o de que África e Ásia são os continentes com mais óbitos, o que pode ser relacionado com a cultura e repressão vividas nestes locais.

Veja mais no link: https://cpj.org/killed/2012/


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Câmara quer regulamentar direito de resposta



Está em discussão na Câmara dos Deputados a regulamentação do direito de resposta na imprensa. Sem regras específicas, os requerimentos hoje são decididos na Justiça.

Segundo a Constituição, o direito de resposta deve ser proporcional e a indenização é prevista nos casos de dano moral, material ou à imagem.

Em entrevista ao site da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, o deputado Andre Vargas (PT-PR), um dos autores das 12 propostas que tramitam na casa, mostrou preocupação quanto ao comportamento da imprensa, mas do que propriamente com sua proteção.

- É comum pessoas da imprensa atacarem personalidades e instituições e não serem obrigadas a dar o contraditório. Depois é comprovada a inverdade, mas aí já passou - afirmou Vargas.

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) é contrário a proposta. Segundo ele, a iniciativa beneficiaria apenas autoridades e limitaria a liberdade de imprensa.

Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo é à favor da regulamentação do processo e lembrou que há uma preocupação geral entre os veículos de imprensa em evitar este tipo de situação. O presidente da Federação Nacional de Jornalistas, Celso Schroder também apoia a criação da lei de direito de resposta.

Veja mais no link: www.abraji.org.br/?id=90&id_noticia=2177

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ombusdman


O artigo "Práticas jornalísticas e políticas públicas: Estudo dos indicadores de análise das coberturas sobre crianças e adolescentes", do doutor em Comunicação Leonel Aguiar e do jornalista Vinicius Nader, estuda o comportamento dos veículos de comunicação na cobertura sobre a exclusão social de crianças e adolescentes. Os autores, entre diversas fontes, usaram para fundamentar a análise o portal ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), ONG criada em 1990 que analisa a cobertura da imprensa assim como as políticas públicas.

Além de cobrir o tema "Infância e Juventude", a ANDI se dedica a falar sobre "Inclusão e Sustentabilidade" e "Políticas de Comunicação". Uma das sessões do site, chamada de "Radiografia da Cobertura", publica análises sobre o comportamento da imprensa em diversos assuntos. Um deles, levado ao ar no dia 20 de setembro de 2011, é entitulado como "Cobertura da violência contra a mulher está focada em casos individuais, em detrimento de discussão mais ampla sobre o fenômeno". Nele, um estudo do portal mostra que a imprensa trata a violência contra as mulheres como casos separados, ao invés de relacionar com um problema social.


Veja a conclusão do estudo:

Ao abordar a violência contra a mulher sob uma perspectiva individualizada e policial, a maioria dos veículos tratou o problema de forma descontextualizada das esferas de governo e dos esforços empreendidos para gerar soluções diante da questão.

• De acordo com os dados coletados, 73,78% das notícias que abordam a violência contra a mulher trazem um enfoque individual.

• No conjunto das matérias analisadas, pouco mais de 13% do enquadramento principal está relacionado ao Estado e suas ações para a prevenção e combate ao crime.

• A análise dos dados permite afirmar que o assunto vira notícia especialmente quando ocorrem casos reais de violência – sobretudo se a agressão for cometida por motivação passional e com crueldade. Esse perfil de noticiário ocupa geralmente as páginas dos cadernos/seções de notícias locais e de polícia.

• De acordo com os números coletados, 35,10% dos textos sobre violência cometida contra mulheres são publicados nas seções de notícias locais. Os cadernos policiais são destino de outros 15,70% desse noticiário.

Fonte: http://www.andi.org.br/inclusao-e-sustentabilidade/radiografia/cobertura-da-violencia-contra-a-mulher-esta-focada-em-casos-.

Além desse, existem outros estudos, em todas as editorias. Veja mais no site: www.andi.org.br.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O jornalista existe



No artigo "Em defesa da profissão", o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas e da Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe, Celso Schroder, comemorou a aprovação do senado pela volta da exigência do diploma para jornalistas.

Para o jornalista, a decisão do STF em "derrubar" o diploma, em 2009, "representou um retrocesso não somente para a categoria dos jornalistas, mas para toda a sociedade brasileira.".

Ele coloca em xeque argumentos favoráveis a desqualificação do diploma, como cerceamento de liberdade, mostrando que para ser jornalista o profissional precisa ter uma base teórica e técnica de grande qualificação, para poder assim melhor servir ao interesse público. A crise do jornalismo, que pode ser constadada no último post, que comprova a queda de credibilidade, deve ser enfrentada com o aumento da exigência na qualificação, não com a popularização da atividade.

Para Schroder, "é necessário enfrentar uma insistente cultura de vale-tudo, em que técnica e ética dão lugar ao oportunismo e à rapidez. Onde sedução e servilismo ao leitor/espectador/ouvinte substituem o compromisso com o interesse público."

Para ser jornalista, a pessoa deve estar capacitada, ter noção de contexto histórico e social. Ser jornalista vai além do que relatar um fato do cotidiano, para isso, é preciso saber como lidar da maneira correta com a notícia, não apenas ter conhecimento técnico.

Fonte: www.fenaj.org.br/materia.php?id=3703

Ferramentas de informação



Além de personagens, existem importantes ferramentas para se investigar e construir matérias jornalísticas. Em época de eleições, vale o registro do já consagrado site "Transparência Brasil", que monitora os movimentos dos representantes da política brasileira.

Criado em 2000, ele divulga pesquisas sobre o comportamento dos brasileiros em anos de eleição, assim como dados da atuação de parlamentares, como quantidade de faltas, presença ou não em processos judiciais e patrimônios. O endereço é: http://www.transparencia.org.br/

Outro órgão que pode colaborar com as eleições, desta vez oficial, é o site do Superior Tribunal Eleitoral. Nele, podemos ver gráficos sobre avanço do eleitorado brasileiro através de análises de faixa etária, renda, entre outros, e comparações com eleições antigas. O endereço é: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleicoes-2012.






quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Credibilidade da mídia em xeque



Em seu artigo "A obsessão do jornalismo partidário", o jornalista e professor da UnB Venício de Lima debate a baixa de credibilidade do jornalismo brasileiro. Ele baseia seu debate em dados do Índice de Confiança Social, que colocada a mídia como instituição brasileira que sofreu a maior queda de confiança de 2009 para cá, à frente do sistema público de saúde.

O fenômeno também ocorre em outros lugares, como nos EUA, mas no Brasil existem seus próprios motivos. Uma das mais fortes é o "jornalismo político", que real ou não, de pouca ou muita intensidade, aumentou os questionamentos do público sobre os veículos brasileiros.

Como exemplo, o jornalista usa a matéria do bilhete em que a presidente Dilma Rousseff enviou a ministras para questionar a posição de suas ministras sobre a aprovação do Código Florestal. A prática, já utilizada por outros presidentes, como Getúlio Vargas e Jango, foi tema de ironia do jornal "Correio Brasiliense", que estampou em sua capa a seguinte manchete: “A presidente não apenas é contra a censura como, ao contrário do antecessor, lê jornais”.

Já na página, há um editorial que se preocupa mais em valorizar a participação de jornais na sociedade do que o fato em si.

Como conclusão, Venício afirma que "a utilização do episódio do bilhete para atacar o ex-presidente, inclusive insinuando – irresponsavelmente – que ele seria a favor da censura, expressa o grau de partidarização a que chegou o jornalismo político praticado pela grande mídia".


Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed710_a_obsessao_do_jornalismo_partidario

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Jornalismo esportivo e atração de leitores


Caracterizado com uma linguagem "prá cima" pelo jornalista Mauricio Stycer, autor do livro "História do Lance !, Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo", o Diário Lance, que completou 15 anos em 2012, tem como objetivo principal atrair o "torcedor apaixonado", segundo o presidente do grupo, Walter de Mattos Junior.

Para isto, são usadas estratégias destinadas estritamentes ao leitor interessado em esporte e apaixonado por seu clube. Na parte gráfica, são usadas muitas cores, relacionadas aos times de futebol e fotos e títulos com grande destaque.

Na linha editorial, além de técnicas para facilitar a leitura com o uso de peças (memória e bate-bola) junto com o "abre" (texto principal), são publicadas também colunas entituladas "Fala, Doente". Elas são separadas por clube, cada qual com um personagem (no Flamengo, a titular é a personagem Scarlet Bleu) e expõem artigos opinativos, sem a intenção de dar informação, mas sim de cativar o torcedor. Isto também acontece distante do futebol, durante grandes eventos esportivos como Pan-Americano e Olimpíada, como o mesmo objetivo.

Em entrevista ao site Alamenda Editorial, Stycer, que fez parte da equipe que criou o Lance!, ressalta que a falta de concorrência também é um dos fatores que explicam o sucesso do diário esportivo. Para ele, chegar no mercado com um "jornal 100% em cores, uma linguagem jovem, fotos enormes, agradável, enfim, um produto novo, e tem ao lado dois produtos com uma cara velha, que não mudam há vinte anos, pelo mesmo preço", foi essencial.


Confira a entrevista de Mauricio Stycer na íntegra no link: http://www.alamedaeditorial.com.br/2010/07/27/entrevista-com-mauricio-stycer-autor-de-historia-do-lance-no-site-ludopedio/.
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