segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Lei da selva



Em artigo intitulado "Fazer mais jornais, uma saída", o jornalista Dirceu Martins Pio, ex-diretor da Agência Estado e Gazeta Mercantil, afirma que a crise que afeta os jornais brasileiros (recentemente o Jornal da Tarde e o Marca deixaram de circular) pode ser contornada com a estratégia de dividir o contéudo jornalístico em vários veículos, a fim de expandir a comercialização e lucros das empresas. Como exemplo, ele cita a editora Abril, que conta com inúmeras publicações e sempre as renova, em processo baseado nas análises de resultados. As que não dão, são fechadas, e bola para frente, pois mais tarde surgirão outras.

Ele ainda cita o modelo da imprensa japonesa como exemplo de expansão de conteúdo e lucro. Porém, a análise pode ser questionada pelo fato de Brasil e Japão apresentarem economias bem distintas, ainda mais na época em qeu Pio viajou ao oriente, nos anos 1990.

Diferente do passado, o artigo lembra também que hoje a força que tomou a internet evita grandes lançamentos de jornais impressos. Ao invés de tentarem concorrer, eles preferiram se adaptar e construir também um contéudo digital, como o "O Globo" fez ao adotar no último ano um jornal vespertino para Ipad.

Entretanto, a timidez e o "medo" da rede virtual é criticada por Pio. Para ele existe maneira ainda de se obter sucesso com inovações no papel. Veja o que ele fala da RBS, rede jornalística que atua em várias mídias no sul do Brasil.

"Seus impressos são líderes de mercado em toda a parte: Zero Hora, Diário Gaúcho, Pioneiro, Diário de Santa Maria, Diário Catarinense, Hora de Santa Catarina, Jornal de Santa Catarina e o A Notícia. São jornais de circulação regional (Zero Hora, Diário Catarinense) ou local (Jornal de Santa Catarina, com circulação em Blumenau, e A Notícia, com circulação em Joinville). O grupo ocupou o mercado de impressos de Santa Catarina de tal modo que é acusado de monopólio pelos grupos concorrentes. De qualquer modo, dá demonstração de que passa ao largo da crise que assola os impressos no mundo todo e sua estratégia aparenta ser a de aproveitar a vitalidade econômica dos mercados regionais ou locais. Se operasse em São Paulo, com certeza o Grupo RBS já teria criado o jornal de Osasco, de Santo André, de São Bernardo, de Joinville, de Campinas..."

Certo é que os jornais impressos devem assumir novas táticas para continuarem existindo. Talvez também deva haver um questionamento sobre outros motivos que não econômicos para seus fechamentos, como a qualidade da informação.


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