domingo, 25 de novembro de 2012
Apurar é preciso
Em seu livro "O culto do amador", o historiador inglês Andrew Keen critica em como a evolução da internet, chamada por ele por "Web 2.0", afetou o jornalismo.
Segundo ele, existem muitas informações falsas na rede que são rapidamente repercutidas por grandes redes sem serem apuradas, além de novos profissionais que se fazem valer do anonimato da internet para aparecer ou até mesmo lucrar com isso.
Em seu texto, ele cita exemplos de vídeos divulgados em períodos eleitorais, sem autores, e outras ferramentas que começam a circular pela internet e causam grande repercussão, afetando a imagem dos envolvidos, como do caso de uma gravação semelhante a de um dos principais telejornais da Alemanha, em que a força política do partido neonazista era exaltada. A criação causou grande repercussão no país e demorou a ser desmentida.
Além disso, ele diz também que com a internet, não há mais critério noticioso. Keen questiona o fato de discussões políticas serem fomentadas por elementos pouco representativos e serem minimizadas por estratégias para se ganhar audiência. Em determinado trecho, ele diz que "a fotografia de um bebê libanês ou israelense morto não é um guia últi para a compreensão da complexa situação do conflito do Oriente Médio".
sábado, 24 de novembro de 2012
Jornalistas cobram ONU sobre segurança
A Federação Internacional de Jornalistas cobrou a ONU para que acelere o processo de implementação do Plano de Ação pela Segurança de Jornalistas, na última sexta-feira. O programa, que defende punição aos países com casos de violência contra repórteres, está previsto para ser colocado em prática aos poucos, justamente pela resistência de nações que violam os direitos da imprensa.
O presidente da FIJ, Jim Boumelha, enviou uma carta ao secretário-geral da ONU lamentando a demora na oficialização do plano.
"Nós continuamos a ver que a impunidade floresce quando não há vontade política para garantir que estas mortes sejam investigadas, quando não existe um quadro legal e os juízes são fracos ou corruptos, quando poucos recursos são alocados para a segurança e quando a negligência, a incompetência e a corrupção oficial são abundantes".
A medida defendida pela FIJ amplia o projeto da ONU que condena os ataques contra os jornalistas em áreas de conflito também, à proteção de jornalistas em áreas livres de conflito.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Raio-X: Prêmio Esso e a evolução da sociedade brasileira
Desde 1956, quando foi criado, o Prêmio Esso acompanha a evolução da sociedade brasileira. Em sua estreia, a reportagem escolhida foi "Uma tragédia brasileira: os paus-de-arara", de Mário de Moraes e Ubiratan de Lemos, da revista "O Cruzeiro". Ela conta a história de nordestinos que saiam de suas cidades em busca de empregos do sul, quando o Brasil passava por intenso processo de industrialização, no mandato do presidente Juscelino Kubitschek.
Ainda na década de 50, mais uma matéria sobre a vida na seca foi premiada. Desta vez, a escolha foi por "Diário de um flagelado das secas", de Rubens Rodrigues dos Santos, do "Estado de S. Paulo". Ao invés de contar a saga em busca de uma vida melhor no sul, o repórter descreveu a rotina de um trabalhador na seca, a relação com chefes e o comportamento do político, semelhante ao coronelismo, que sofreu abalo com o deslocamento de trabalhadores do campo para a cidade.
No início de 60 foram premiadas matérias de forte cunho político. Se destacam as matérias de José Gonçalves Fontes, do Jornal do Brasil, sobre fraude eleitoral nas eleições legislativas da cidade do Rio de Janeiro, de Mário Mazzei, da Folha de S. Paulo, que mapeou o Vale do Rio São Francisco sob o ponto de vista econômico, também com apelo no Nordeste (o vale corta Minas Gerais, Bahia e Pernambuco), em "Um rio desafia o Brasil".
O último trabalho de influência social, digamos assim, foi em 1964, um ano da implementação do AI-5, que confirmou a ditadura no país. O autor foi Walter Firmo, do Jornal do Brasil, que retratou a rotina dos que viviam na Amazônia, com suas dificuldades. A partir daí, as amenidades tomaram conta do prêmio, justamente por causa da censura. Em 1966 o evento não foi realizado e nos três anos seguintes as premiações foram para duas matérias sobre futebol e uma explicando a psicanálise.
Em 1970, o prêmio foi para Carlos Chagas, repórter do O Globo que conseguiu a matéria após relatar a tentativa do presidente Costa e Silva em redemocratizar o país. Para construir a reportagem, ele relatou sua experiência do período em que foi secretário de imprensa da presidência da república. A Amazônia voltou ao foco com dois prêmios, que antecederam outro que foi para o relato de Humberto Borges no Jornal do Brasil de sua experiência em uma prisão de Cuba, terra de Fidel Castro.
O sopro de contestação política veio em 1976, com a reportagem "Assim vivem nossos superfuncionários", do Estadão. Feita por uma equipe de jornalistas, ela denunciou a farra de funcionários públicos na máquina administrativa. Já no fim da década duas outras matérias políticas mostraram um esboço do jornalismo investigativo novamente. "Exclusivo: Fala Figueiredo", de Getúlio Bittencourt e Haroldo Cerqueira (Folha de S. Paulo), exibe um perfil daquele que seria candidato a presidência bem diferente de sua imagem oficial, e "O sequestro dos uruguaios" (Luiz Cláudio Cunha e J.B. Scalco, da Veja), revelam a relação entre o crime político protagonizados por policiais que combatiam dissidentes.
No período seguinte, o combate contra a ditadura ganhou força e foram expostos casos de contratos nucleares entre Brasil e Alemanha, atentado do Rio Centro, revoltas na Marinha. Dos dez prêmios da década, oito foram para matérias que denunciavam irregulares no governo.
Em 1990, as reportagens internacionais dividiram espaço com a política nacional. Retratos da Guerra do Golfo e da polícia secreta russa (KGB) foram premiados, bem como a relação entre PC Farias e COllor e a candidatura do apresentador Silvio Santos à presidência do país. Com o fim da ditadura, as reportanges políticas foram diminuindo o tom e as de comportamento deram sequência até 2000. A partir daí, a cobertura sobre os políticos se manteve intensa, mas as favelas começaram a ganhar destaque, com o comportamento de traficantes, relação com a polícia, crimes, entre outros.
Neste ano, o prêmio foi para a cobertura da Folha de S. Paulo sobre a queda do presidente da Confederação Brasileira de Futebol. A reportagem ganha mais importância pois coloca o esporte de volta à tona, mas diferente dos anos 70, com uma reportagem investigativa sobre a posição do principal dirigente esportivo do país até então, em período que o Brasil receberá as duas maiores competições do planeta: Copa do Mundo, em 2014, e Jogos Olímpicos, em 2016.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Lei da selva
Em artigo intitulado "Fazer mais jornais, uma saída", o jornalista Dirceu Martins Pio, ex-diretor da Agência Estado e Gazeta Mercantil, afirma que a crise que afeta os jornais brasileiros (recentemente o Jornal da Tarde e o Marca deixaram de circular) pode ser contornada com a estratégia de dividir o contéudo jornalístico em vários veículos, a fim de expandir a comercialização e lucros das empresas. Como exemplo, ele cita a editora Abril, que conta com inúmeras publicações e sempre as renova, em processo baseado nas análises de resultados. As que não dão, são fechadas, e bola para frente, pois mais tarde surgirão outras.
Ele ainda cita o modelo da imprensa japonesa como exemplo de expansão de conteúdo e lucro. Porém, a análise pode ser questionada pelo fato de Brasil e Japão apresentarem economias bem distintas, ainda mais na época em qeu Pio viajou ao oriente, nos anos 1990.
Diferente do passado, o artigo lembra também que hoje a força que tomou a internet evita grandes lançamentos de jornais impressos. Ao invés de tentarem concorrer, eles preferiram se adaptar e construir também um contéudo digital, como o "O Globo" fez ao adotar no último ano um jornal vespertino para Ipad.
Entretanto, a timidez e o "medo" da rede virtual é criticada por Pio. Para ele existe maneira ainda de se obter sucesso com inovações no papel. Veja o que ele fala da RBS, rede jornalística que atua em várias mídias no sul do Brasil.
"Seus impressos são líderes de mercado em toda a parte: Zero Hora, Diário Gaúcho, Pioneiro, Diário de Santa Maria, Diário Catarinense, Hora de Santa Catarina, Jornal de Santa Catarina e o A Notícia. São jornais de circulação regional (Zero Hora, Diário Catarinense) ou local (Jornal de Santa Catarina, com circulação em Blumenau, e A Notícia, com circulação em Joinville). O grupo ocupou o mercado de impressos de Santa Catarina de tal modo que é acusado de monopólio pelos grupos concorrentes. De qualquer modo, dá demonstração de que passa ao largo da crise que assola os impressos no mundo todo e sua estratégia aparenta ser a de aproveitar a vitalidade econômica dos mercados regionais ou locais. Se operasse em São Paulo, com certeza o Grupo RBS já teria criado o jornal de Osasco, de Santo André, de São Bernardo, de Joinville, de Campinas..."
Certo é que os jornais impressos devem assumir novas táticas para continuarem existindo. Talvez também deva haver um questionamento sobre outros motivos que não econômicos para seus fechamentos, como a qualidade da informação.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Relatório aponta Brasil como vulnerável para jornalistas
A Internacional Freedom of Expression Exchange, rede mundial que defende a liberdade de expressão, divulgou um relatório que mostra que apenas 11% de casos de mortes de jornalistas os autores do crime foram condenados, entre 2010 e 2012, período em que houveram 74 assassinatos.
O Brasil, classificado como quinto país que oferece mais riscos para jornalistas no mundo, foi considerado com um perfil de "vulnerabilidade", segundo o Instituto Internacional de Segurança da Imprensa.
De acordo com a IFEX, os casos brasileiros se concentram em cidades pequenas que têm conflitos políticos. O curioso do relatório é que ele aponta que nas grandes cidades, a reação contra jornalistas é por meio da justiça, o que mostra a instabilidade no interior do Brasil.
Fotoxjornalismo
O artigo dos mestres em comunicação social Alice Baroni e Leonel Aguiar trata da posição do fotojornalismo na notícia. Sob o olhar de ONGs dos projetos Viva Rio e Observatório de Favelas, dedicados ao trabalho comunitário, que pretendem ampliar o olhar da imprensa para além da pobreza e violência, nesses locais.
O estudo revela um contraponto entre fotógrafos populares e os "noticiosos". Os primeiros tem a clara missão de retratar a favela sem elementos de violência e pobreza, motivados justamente pela constante exposição da mídia desses fatores, que acabam por associá-los ao lugar. Essa motivação já acaba por deixar seu trabalho parcial, indo contra um dos princípios mais importantes do jornalista. Pois assim como o repórter tem o poder de "beneficiar" determinado lado com sua escrita, o fotógrafo pode também reforçar algum ponto de vista com câmera. Entretanto, como já foi dito, essa ação é motivada pela caracterização que as comunidades foram "obrigadas" a aceitar.
Apesar do objetivo de mostrar uma favela em progresso, eles admitem em seu discurso que a realidade não está totalmente mudada. Em um dos trechos do texto, é dito que "Enquanto moradores de favelas, fotógrafos populares ressaltam que eles precisam saber muito bem os limites de sua atuação, de modo a salvaguardar a suas próprias vidas e também as pessoas da comunidade". E é neste ponto que se apoiam os fotojornalistas. Eles afirmam que o tráfico ainda tem o poder de ditar as regras e ameaças das favelas e consequentemente aos seus trabalhos. Tim Lopes também é usado como justificativa, pois segundo eles, sua morte representou a quebra do "bom convívio" entre criminosos e jornalistas.
O curioso é que a partir da implantação da UPP no Alemão, outra força repressora passou a ditar as regras para os fotógrafos: a polícia. Segundo Bruno Itan, morador do complexo, ele foi impedido de documentar a invasão do morro por agentes do estado, que haviam limitado também o trabalho da imprensa convencional, que não passou da entrada da favela por motivos de segurança.
- O que é que tu tá fazendo com essa câmera? Ué, tô imortalizando o que está acontecendo aqui. Isso aqui é inédito, histórico, isso aqui nunca vai acontecer de novo. Aí ele falou: o que... tu tá tirando várias fotos com cara de policial pra isso mesmo? Tu tá tirando foto pra mostrar pros cara lá dentro, rapá. Tá pensando que eu não te conheço não? Eu já te vi aqui. E eu fui deixando ele falar... ele começou a falar uma história que devia ter medo e eu olho tranquilo pra ele. Primeiramente, o que eu tô fazendo é um exercício de democracia, se o senhor num sabe. Isso aqui eu tô criando notícia. Isso aqui você não pode me proibir de fotografar ninguém em espaço público, vocês estão em espaço público agora, se eu quiser fotografar vocês eu posso, fotografo, só que eu não tenho ordem, nem autorização, de publicar a tua cara em canto nenhum sem a sua autorização. Mas a foto é minha, eu posso fazer o que quiser com ela, só não posso publicar a sua foto, sem a sua autorização, mas eu posso tirar a sua foto. A gente está em espaço público. Aí começou... ele se sentiu como se eu estivesse... eh.. um morador do morro qualquer... eh... falando coisas sábias pra um policial. Como se ele não soubesse de nada, entendeu. Ele se sentiu assim... oprimido assim. Com essa expressão... eu senti isso nele - relatou Bruno, que foi ameaçado a formatar sua câmera sob ameaça de ir para a delegacia por desacato à autoridade.
Existe um processo de discussão dos critérios de noticiabilidade sobre as favelas. O que por muitas vezes passou a ser notícia simplesmente por seu apelo visual ou emocional, agora é questionado em prol do valor da informação. Pelo menos é pelo que lutam as ONGs.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Ferramentas de informação II
Além dos meios que se dedicam a prestar informação a partir de um trabalho de investigação, como o portal Transparência Brasil, também se pode obter dados importantes consultado os órgãos oficiais de um governo.
Cada estado, por exemplo, publica seu Diário Oficial (www.imprensaoficial.rj.gov.br), em que constam informações importantes da cidade, como andamento de obras, licitações, entre outra medidas governamentais. Ainda há sites mais especificos, de secretarias, por exemplo, bem como de ministérios, no caso do governo federal, em que se está disponível diversas informações, não necessariamente organizadas por ordem de importância. Neste caso, cabe ao jornalista ter a percepção de interpretar as informações e organizá-las da melhor maneira. Nesses textos oficiais, os dados são em sua maioria "embaralhados" e de difícil análise, por isso o repórter deve dedicar um tempo para análise.
No caso do diário, o profissional deve ter o compromisso de acessá-los constantemente, pois dele se podem tirar matérias de caráter social e que contradizem discursos políticos.
Puxando para o esporte, como é o meu caso, passei por uma experiência recente que pode ilustrar isso. Em uma entrevista com um presidente de confederação, ele me informou que estava fechando contrato com o Banco do Brasil e os Correios, se negando a me prestar mais informações. Entretanto, como são empresas estatais, eles são obrigados a nos prestar dados, se questionados. Com isso, liguei para lá e consegui apurar o valor e tempo do contrato fechado entre eles. Nesta mesma entrevista, o dirigente me falou sobre uma dívida, dizendo que contaria com a ajuda do Ministério do Esporte e do Comitê Olímpico Brasileiro para pagá-la. Segui a mesma regra e recebi a informação de que nenhum dos dois órgãos iria contribuir financeiramente. As informações foram passadas a mim horas depois da ligação, no mesmo dia.
Dessa forma, o jornalista tem que saber usufruir dessas possibilidades, que muitas vezes passam despercebidas, pois daí podem surgir excelentes matérias.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Indústria do processo
Em texto publicado na Folha de S. Paulo, o jornalista Fábio Panuzzio, da Bandeirantes, relatou sua experiência como repórter de jornal e blogueiro, onde econtra um espaço mais livre para discussões. Entretando, ele teve de pôr fim ao blog por conta dos inúmeros processos que recebeu sobre seus debates políticos. Para o jornalista, o espaço na internet se tornou caro, literalmente, já que lá ele é independente e tem que lidar diretamente com suas ações judiciais, ao contrário de suas matérias publicadas no impresso, que ao serem questionadas contam com apoio da empresa.
Apesar de não ter sido condenado, ele teve de arcar com os diversos custos processuais, que para Fábio já constitui uma punição. Coincidentemente, ele foi "vítima" de textos que criticavam o deputado estadual José Geraldo Riva, réu em 120 processos por peculato, corrupção e improbidade administrativa, e de uma quadrilha de estelionatários e traficantes de trabalhadores brasileiros para os EUA. Como se vê, dificilmente ele cometeu injustiças ou foi leviano, até por sua posição.
Assim como ele, empresas, como o Jornal do Brasil, também sofreram com essa prática, que serve para conceder alibis aos que de alguma forma precisam dar uma resposta para a sociedade. Também é uma forma de calar jornalistas, denunciantes de suas praticas ilicitas.
No caso do Brasil, a indústria de processos já se comprovou eficaz justamente porque o poderio financeiro faz a diferença no trato com a Justiça, direta e indiretamente.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
O 'herói' Tim Lopes
Em seu artigo "Martírio e autoridade na trama noticiosa do caso Tim Lopes", o jornalista Marcio Castilho analisa a forma com que o jornal "O Globo" lidou com a apuração da morte do repórter, que trabalhava na televisão de sua organização.
Ele constata que o periódico não lidou com a situação de forma imparcial. Obviamente, o assassinato funcionou também como um ataque ao jornalismo praticado pela Globo, premiado diversas vezes por suas matérias investigativas, que acabaram questionadas após a exposição pública do risco que seus repórteres passavam para conseguir apurar suas reportagens. Ou seja, até para fins comerciais, a empresa passou a lutar para preservar sua imagem, o que não é uma crítica direta ao conglomerado, pois qualquer outra empresa tomaria atitude semelhante. O importante é discernir isto.
No texto, Castilho lembra que foram 100 dias de acompanhando do caso Tim Lopes, dos quais em 31 a apuração ganhou espaço em sua página principal, algo considerável, pois é difícil uma apuração continuar matendo seu mesmo nível com o passar do tempo e da divulgação das principais informações. Ainda mais no "O Globo", que possui diversas editorias. Só por esta análise dá para perceber a engajamento do jornal em manter a investigação viva, como uma forma de pressionar diretamente as autoridades.
Curiosamente, a série de reportagens terminou assim que o traficante e assassino de Tim Lopes, Elias Maluco, foi capturado. Isto representou o cumprimento da missão do diário. Até lá, cada descoberta era noticiada. Os textos confundiam "descrição" com "informação", apelando para a emoção, que consederam a Tim Lopes o tom de herói. E foi essa realmente a herança que ficou do jornalista. Ele se tornou protagonista de uma história épica, um desbravador. Estas manchetes servem para ilustrar a justificativa: “Um repórter peão para toda obra” e “Um repórter que se chamava Arcanjo”. Isto diminuiu, mas não evitou, debates e discussões sobre os limites da matéria, até onde o repórter pode ir em sua apuração, e o dever de seu empregador em estabelecer suas "fronteiras".
É claro, além de uma posição do jornal, o leitor também é parte importante neste desenvolvimento. Castilho lembra em seu estudo da obra de Paul Ricoeur, "Tempo e narrativa", para lembrar que existe diálogo entre leitor e reportagem, esta última com a missão de o cativar, usando as técnicas já citadas. Com a atração da audiência, o relato ganha força e o processo é estimulado.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Ética adaptável
Em seu artigo "Ética no Jornalismo", o jornalista Rogério Christofoletti relaciona a evolução na sociedade brasileira com o aumento dos debates sobre a ética, algo que está acompanhando diretamente pelo desenvolvimento do mundo digital. Durante o texto, ele usa como exemplos para caracterizar a relação entre as discussões e o comportamento da mídia os casos da “Escola Base”, em que os donos, mesmo inocentes, foram “condenados” pela opinião pública por pedofilia, e o do debate entre Lula e Collor, que teoricamente teria sido manipulado pela TV Globo em prol do segundo. Apesar de os dois terem acontecido em um momento que a internet não estava consolidada, eles se encaixam no contexto atual, pois a necessidade de ser rápido aumenta a possibilidade de avaliações erradas e direcionadas.
Nos jornais, o editor tem a autonomia de definir a direção da matéria, com o poder de definir título, legenda, foto e lide, partes que “apresentam” a notícia. Para isso, além de seguir a linha editorial da empresa, se for o caso, ele deve usar seus valores morais. Os princípios individuais e sociais serão usados pelo jornalista para determine sua abordagem, sendo ele o responsável também pelas conseqüências. Para Christofoletti, os valores “absorvidos” da sociedade têm papel importante nesta etapa. Eles representam a ética coletiva, a moral e os valores defendidos pela população.
No caso do filme “Obrigado por fumar”, do diretor Jason Reitman, o personagem principal Nick Naylor, lobista da indústria de cigarros interpretado por Aaron Eckhart, apresenta uma visão peculiar para aquilo que lhe garante a sobrevivência na sociedade. Para defender algo condenado pela coletividade, ele argumenta que seu sucesso vem daquilo que chama de “flexibilidade moral”. Ao defender o consumo de cigarro, ele não se preocupa em exaltar seu produto, mas sim em provar que as reclamações sobre ele estão erradas. Neste caso, é interessante ver que os princípios dedicados ao jornalismo não se adequam ao profissional, pois ele vai contra aquilo que a sociedade defende, o que é ilustrado com seu embate contra um senador que luta para colocar uma imagem nos maços exibindo seus males. Defender valores que se opõem aos “determinados” pelos indivíduos não condena o lobista, afinal, a ética é baseada em valores morais compostos também individualmente e Nick não é eximido de sua responsabilidade. A função de lobista representa também a evolução na sociedade. Hoje, a partir dos avanços tecnológicos e econômicos e do aumento da liberdade, novas funções foram criadas. Agora, por exemplo, é difícil uma grande empresa não ter um setor dedicado exclusivamente para mídias sociais. Isto mostra que a busca pelo público-alvo e consumidores está cada vez mais avançada, gerando novos debates éticos, já que para isso eles utilizam métodos questionáveis que atingem a privacidade de pessoas para definir o perfil de seus clientes.
No caso das redações, as empresas aumentaram a interatividade para cativar os leitores, cada vez mais infiéis. As táticas vão de promoções a inserções importantes nas redes sociais, com enquetes, questionamentos pessoais, ajuda na escolha de pautas e até mesmo espaços nos sites oficiais, através de blogs, caso do Lancenet!, por exemplo, com o L! Activo.
Além dos leitores, as fontes também sentiram as conseqüências. Com a possibilidade da interferência do público na escolha de matérias, o foco mudou e além da profissional, a vida pessoal dos personagens ganhou espaço. Os sites especializados aumentam em grande proporção e causam grande polêmica. Os críticos afirmam que certos fatos não interessam ninguém, mas por outro lado, eles só ganham destaque porque têm grande audiência, uma contradição. Afinal, se tais fatos pessoais não interessam a ninguém, por que eles somam mais cliques que notícias de cunho político e econômico, por exemplo? Essa indústria se tornou tão forte, que já existem aqueles “profissionais” em forjar constrangimentos sociais para ficar em evidência. De acordo com Christofoletti, “jornalistas devem se pautar por interesses e preocupações comuns”, o que coloca em debate este tipo de publicação, pois apesar de expor algo de interesse coletivo, retoma a responsabilidade exigida ao jornalista para divulgar certas informações que entram em conflito com os valores morais, a ética.
domingo, 30 de setembro de 2012
Técnica e razão
Em seu artigo "A atualidade de um clássico", a jornalista e professora da UFF Sylvia Debossan Moretzsohn questiona os criticos da exigência de diploma no jornalismo.
Apoiada no livro "O Segredo da Pirâmide. Para uma teoria marxista do jornalismo", de Adelmo Genro Filho, ela reforça que a prática jornalística requer um conhecimento teórico, pois a profissão está inserida e faz parte do desenvolvimento social. Sendo assim, não é apenas algo que se precisa de um manual e regras técnicas para se exercer.
É essencial que o jornalista use sua subjetividade e objetividade para relatar fatos do cotidiano e construir seu texto, que pode variar de acordo com a proposta e formato do veículo. A notícia é construída a partir de uma situação que gera apuração e termina no texto, mas a maneira com que ela é apresentada, o texto, inverte a ordem, com o lide descrevendo o que de principal existe naquele episódio. Essa é a maneira mais comum, o que não quer dizer que não possa ser diferente. O que vale destacar é que o jornalismo não se baseia apenas em técnicas, mas também em como o jornalista interpreta e lida com suas fontes, utilizando seu conhecimento.
Veja abaixo um manifesto do site da Federação Nacional dos Jornalistas à favor da exigência do diploma:
"Abaixo-assinado de cidadãos em apoio às PECs do diploma de jornalista
Para: Deputados e Senadores
Nós, cidadãos abaixo assinados, expressamos nosso apoio às Propostas de Emendas à Constituição que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, restabelecendo a exigência do curso superior específico de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista.
A PEC 33/2009, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares e relatoria do senador Inácio Arruda, e a PEC 386/2009, de autoria do deputado Paulo Pimenta e relatoria do deputado Maurício Rands, por um lado resgatam a dignidade dos jornalistas brasileiros e contribuem para a garantia do jornalismo de qualidade.
Por outro lado, as PECs estabelecem o local adequado para a discussão extemporânea, promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que, a serviço das grandes empresas de comunicação do país, prestou um desserviço à sociedade brasileira ao desregulamentar a profissão de jornalista.
O parlamento brasileiro responde adequadamente, sintonizado com a opinião pública, a um processo de judicialização da vida nacional, com caráter nitidamente conservador.
Nós, cidadãos abaixo assinados, apostamos na independência e na vocação democrática do parlamento para reverter uma decisão nitidamente obscurantista do STF, que tem como único objetivo atingir a profissão de jornalista e a sua capacidade de expressar a liberdade de expressão prevista na Constituição Brasileira. Pela votação imediata das emendas."
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed713_a_atualidade_de_um_classico
www.fenaj.org.br
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Jornalistas têm importante avanço na segurança
A Federação Internacional de Jornalistas anunciou que na 21ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, foi adotada uma resolução chamada "Estados para promover um ambiente seguro e propício para os jornalistas a desempenhar seu trabalho de forma independente e sem interferência indevida", que visa aumentar a segurança dos jornalistas no mundo. A medida foi apresentada pelo Brasil e por mais quatro países (Áustria, Marrocos, Suíça e Tunísia) e ganhou adesão de mais outros 60.
Dentro das medidas exigidas pelo conselho para a proteção dos profissionais, estão medidas legislativas, bom-senso da justiça e dos que executam as leis, em geral, condenações públicas e esforço em investigar ataques contra jornalistas e programas de proteção.
A nova organização visa aumentar a cooperação e coordenação internacional para aumentar a segurança dos jornalistas.
Fonte: www.ifj.org/en/articles/ifj-welcomes-resolution-on-safety-of-journalists-adopted-by-un-human-rights-council
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Brasil é terceiro do mundo em morte de jornalistas
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo divulgou na última terça-feira que o Brasil é terceiro o país no mundo com mais mortes de jornalistas por motivos profissionais, segundo estudo do Comitê de Proteção aos Jornalistas.
Junto com o Paquistão, o Brasil soma três mortes, enquanto a Somália e Síria, nações que vivem constantes conflitos armados, alcançaram a marca de 8 e 18 falecimentos, respectivamente.
A estatística é interessante, pois o Brasil faz parte do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo de países que se destacam no cenário mundial atual por conta de seu desenvolvimento, enquanto a Somália apresenta baixos índices sociais e econômicos, além de sofrer com a violência, como a ação de piratas, e a Síria vive uma guerra civil, na luta pela deposição do ditador Bashar El-Assad.
Ainda como comparação, a Índia soma uma morte confirma e uma não confirmada, enquanto Rússia e China estão zerados.
Nos Estados Unidos, não há mortes confirmadas desde 2007, quando houve um óbito. O México apresenta cinco mortes este ano, mas as causas ainda não estão confirmadas e por isto o país não entrou nas estatísticas.
A pesquisa mostra ainda que os jornalistas políticos lideram o número de mortes, representando 41%. Logo depois vem os de guerra, com 34%.
Outro dado representativo é o de que África e Ásia são os continentes com mais óbitos, o que pode ser relacionado com a cultura e repressão vividas nestes locais.
Veja mais no link: https://cpj.org/killed/2012/
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Câmara quer regulamentar direito de resposta
Está em discussão na Câmara dos Deputados a regulamentação do direito de resposta na imprensa. Sem regras específicas, os requerimentos hoje são decididos na Justiça.
Segundo a Constituição, o direito de resposta deve ser proporcional e a indenização é prevista nos casos de dano moral, material ou à imagem.
Em entrevista ao site da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, o deputado Andre Vargas (PT-PR), um dos autores das 12 propostas que tramitam na casa, mostrou preocupação quanto ao comportamento da imprensa, mas do que propriamente com sua proteção.
- É comum pessoas da imprensa atacarem personalidades e instituições e não serem obrigadas a dar o contraditório. Depois é comprovada a inverdade, mas aí já passou - afirmou Vargas.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) é contrário a proposta. Segundo ele, a iniciativa beneficiaria apenas autoridades e limitaria a liberdade de imprensa.
Presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo é à favor da regulamentação do processo e lembrou que há uma preocupação geral entre os veículos de imprensa em evitar este tipo de situação. O presidente da Federação Nacional de Jornalistas, Celso Schroder também apoia a criação da lei de direito de resposta.
Veja mais no link: www.abraji.org.br/?id=90&id_noticia=2177
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Ombusdman
O artigo "Práticas jornalísticas e políticas públicas: Estudo dos indicadores de análise das coberturas sobre crianças e adolescentes", do doutor em Comunicação Leonel Aguiar e do jornalista Vinicius Nader, estuda o comportamento dos veículos de comunicação na cobertura sobre a exclusão social de crianças e adolescentes. Os autores, entre diversas fontes, usaram para fundamentar a análise o portal ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), ONG criada em 1990 que analisa a cobertura da imprensa assim como as políticas públicas.
Além de cobrir o tema "Infância e Juventude", a ANDI se dedica a falar sobre "Inclusão e Sustentabilidade" e "Políticas de Comunicação". Uma das sessões do site, chamada de "Radiografia da Cobertura", publica análises sobre o comportamento da imprensa em diversos assuntos. Um deles, levado ao ar no dia 20 de setembro de 2011, é entitulado como "Cobertura da violência contra a mulher está focada em casos individuais, em detrimento de discussão mais ampla sobre o fenômeno". Nele, um estudo do portal mostra que a imprensa trata a violência contra as mulheres como casos separados, ao invés de relacionar com um problema social.
Veja a conclusão do estudo:
Ao abordar a violência contra a mulher sob uma perspectiva individualizada e policial, a maioria dos veículos tratou o problema de forma descontextualizada das esferas de governo e dos esforços empreendidos para gerar soluções diante da questão.
• De acordo com os dados coletados, 73,78% das notícias que abordam a violência contra a mulher trazem um enfoque individual.
• No conjunto das matérias analisadas, pouco mais de 13% do enquadramento principal está relacionado ao Estado e suas ações para a prevenção e combate ao crime.
• A análise dos dados permite afirmar que o assunto vira notícia especialmente quando ocorrem casos reais de violência – sobretudo se a agressão for cometida por motivação passional e com crueldade. Esse perfil de noticiário ocupa geralmente as páginas dos cadernos/seções de notícias locais e de polícia.
• De acordo com os números coletados, 35,10% dos textos sobre violência cometida contra mulheres são publicados nas seções de notícias locais. Os cadernos policiais são destino de outros 15,70% desse noticiário.
Fonte: http://www.andi.org.br/inclusao-e-sustentabilidade/radiografia/cobertura-da-violencia-contra-a-mulher-esta-focada-em-casos-.
Além desse, existem outros estudos, em todas as editorias. Veja mais no site: www.andi.org.br.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
O jornalista existe
No artigo "Em defesa da profissão", o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas e da Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe, Celso Schroder, comemorou a aprovação do senado pela volta da exigência do diploma para jornalistas.
Para o jornalista, a decisão do STF em "derrubar" o diploma, em 2009, "representou um retrocesso não somente para a categoria dos jornalistas, mas para toda a sociedade brasileira.".
Ele coloca em xeque argumentos favoráveis a desqualificação do diploma, como cerceamento de liberdade, mostrando que para ser jornalista o profissional precisa ter uma base teórica e técnica de grande qualificação, para poder assim melhor servir ao interesse público. A crise do jornalismo, que pode ser constadada no último post, que comprova a queda de credibilidade, deve ser enfrentada com o aumento da exigência na qualificação, não com a popularização da atividade.
Para Schroder, "é necessário enfrentar uma insistente cultura de vale-tudo, em que técnica e ética dão lugar ao oportunismo e à rapidez. Onde sedução e servilismo ao leitor/espectador/ouvinte substituem o compromisso com o interesse público."
Para ser jornalista, a pessoa deve estar capacitada, ter noção de contexto histórico e social. Ser jornalista vai além do que relatar um fato do cotidiano, para isso, é preciso saber como lidar da maneira correta com a notícia, não apenas ter conhecimento técnico.
Fonte: www.fenaj.org.br/materia.php?id=3703
Ferramentas de informação
Além de personagens, existem importantes ferramentas para se investigar e construir matérias jornalísticas. Em época de eleições, vale o registro do já consagrado site "Transparência Brasil", que monitora os movimentos dos representantes da política brasileira.
Criado em 2000, ele divulga pesquisas sobre o comportamento dos brasileiros em anos de eleição, assim como dados da atuação de parlamentares, como quantidade de faltas, presença ou não em processos judiciais e patrimônios. O endereço é: http://www.transparencia.org.br/
Outro órgão que pode colaborar com as eleições, desta vez oficial, é o site do Superior Tribunal Eleitoral. Nele, podemos ver gráficos sobre avanço do eleitorado brasileiro através de análises de faixa etária, renda, entre outros, e comparações com eleições antigas. O endereço é: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleicoes-2012.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Credibilidade da mídia em xeque
Em seu artigo "A obsessão do jornalismo partidário", o jornalista e professor da UnB Venício de Lima debate a baixa de credibilidade do jornalismo brasileiro. Ele baseia seu debate em dados do Índice de Confiança Social, que colocada a mídia como instituição brasileira que sofreu a maior queda de confiança de 2009 para cá, à frente do sistema público de saúde.
O fenômeno também ocorre em outros lugares, como nos EUA, mas no Brasil existem seus próprios motivos. Uma das mais fortes é o "jornalismo político", que real ou não, de pouca ou muita intensidade, aumentou os questionamentos do público sobre os veículos brasileiros.
Como exemplo, o jornalista usa a matéria do bilhete em que a presidente Dilma Rousseff enviou a ministras para questionar a posição de suas ministras sobre a aprovação do Código Florestal. A prática, já utilizada por outros presidentes, como Getúlio Vargas e Jango, foi tema de ironia do jornal "Correio Brasiliense", que estampou em sua capa a seguinte manchete: “A presidente não apenas é contra a censura como, ao contrário do antecessor, lê jornais”.
Já na página, há um editorial que se preocupa mais em valorizar a participação de jornais na sociedade do que o fato em si.
Como conclusão, Venício afirma que "a utilização do episódio do bilhete para atacar o ex-presidente, inclusive insinuando – irresponsavelmente – que ele seria a favor da censura, expressa o grau de partidarização a que chegou o jornalismo político praticado pela grande mídia".
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed710_a_obsessao_do_jornalismo_partidario
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Jornalismo esportivo e atração de leitores
Caracterizado com uma linguagem "prá cima" pelo jornalista Mauricio Stycer, autor do livro "História do Lance !, Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo", o Diário Lance, que completou 15 anos em 2012, tem como objetivo principal atrair o "torcedor apaixonado", segundo o presidente do grupo, Walter de Mattos Junior.
Para isto, são usadas estratégias destinadas estritamentes ao leitor interessado em esporte e apaixonado por seu clube. Na parte gráfica, são usadas muitas cores, relacionadas aos times de futebol e fotos e títulos com grande destaque.
Na linha editorial, além de técnicas para facilitar a leitura com o uso de peças (memória e bate-bola) junto com o "abre" (texto principal), são publicadas também colunas entituladas "Fala, Doente". Elas são separadas por clube, cada qual com um personagem (no Flamengo, a titular é a personagem Scarlet Bleu) e expõem artigos opinativos, sem a intenção de dar informação, mas sim de cativar o torcedor. Isto também acontece distante do futebol, durante grandes eventos esportivos como Pan-Americano e Olimpíada, como o mesmo objetivo.
Em entrevista ao site Alamenda Editorial, Stycer, que fez parte da equipe que criou o Lance!, ressalta que a falta de concorrência também é um dos fatores que explicam o sucesso do diário esportivo. Para ele, chegar no mercado com um "jornal 100% em cores, uma linguagem jovem, fotos enormes, agradável, enfim, um produto novo, e tem ao lado dois produtos com uma cara velha, que não mudam há vinte anos, pelo mesmo preço", foi essencial.
Confira a entrevista de Mauricio Stycer na íntegra no link: http://www.alamedaeditorial.com.br/2010/07/27/entrevista-com-mauricio-stycer-autor-de-historia-do-lance-no-site-ludopedio/.
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Investigação x linha editorial
A matéria investigativa da Record, veiculada no "Domingo Espetacular", no dia 19 de março, levanta suspeitas sobre a atuação do líder da Igreja Mundial do Reino de Deus (uma das "concorrentes" da Igreja Universal), Valdemiro Santiago. Na reportagem, são questionadas a compra de fazendas e a maneira como foram feitas, ao mesmo tempo relacionando a atuação do apóstolo com os fiéis. Nela, que apresenta documentos e diversos personagens, podemos constatar também uma carga opinativa, algo incomum neste tipo de trabalho.
A investigação começa quase que como em uma narrativa, com o repórter Marcelo Rezende descrevendo a propriedade, com sua extensão, cabeças de gado, piscinas, entre outros. Até então, ele apresenta a matéria sem dados oficiais, dando números como valor de patrimônio do personagem avaliado em 50 milhões de reais e na sequência, como contraste, exibindo um vídeo em que ele pede para os fiéis doarem mil reais cada para chegar no valor de 7 milhões.
Rezende se preocupa em construir um cenário, usando elementos para confirmar sempre suas afirmações, por mais simples que sejam. A matéria, inclusive, chega a repetir informações em diversos momentos, usando meios diferentes, como planos no helicóptero, declarações de terceiros e imagens de celular.
Em determinado momento, o repórter diz, em uma clara demonstração de juízo pessoal:
- Você vai conhecer agora de perto o paraíso que os fiéis da Igreja Mundial do Reino de Deus propocionaram a Valdemiro Santiago, o apóstolo. Não é um negócio como se costuma dizer, de pai para filho, mas de apóstolo para o próprio apóstolo, como comprovam os documentos. A fazenda é tao grande que fica dificil de percorrer até de helicóptero.
Além das provas documentais e das testemunhas, a matéria leva também a opinião de um especialista, que diz haver um forte indício de fraude, e a investigação sobre a empresa W.S. Music, que tem 50 funcionários e que comprou a fazenda de 29 milhões com um capital de 50 mil reais.
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